Ideia de construir ‘Riviera’ em Gaza remonta ao genro de Trump, Jared Kushner

Ideia de construir ‘Riviera’ em Gaza remonta ao genro de Trump, Jared Kushner


Ao lado de Benjamin Netanyahu, presidente dos EUA falou em retirar os palestinos e ‘assumir o controle’ do território, devastado após a guerra com Israel, e propôs a transformação do local em uma ‘Riviera do Oriente Médio’. Trump choca o mundo ao dizer que EUA vão tomar Gaza e ser ‘donos’ do território
A visão do presidente dos EUA, Donald Trump, de uma Faixa de Gaza sem os habitantes palestinos e transformada em um resort de praia internacional sob o controle dos EUA remonta a uma ideia lançada por seu genro Jared Kushner há um ano.
A ideia, delineada por Trump em uma coletiva de imprensa na terça-feira (4), provocou reações de choque tanto dos palestinos quanto de críticos ocidentais, que afirmam que isso equivaleria a uma limpeza étnica e seria ilegal de acordo com o direito internacional.
Mas essa não foi a primeira vez que Trump falou de Gaza em termos de oportunidades de investimento imobiliário. Em outubro do ano passado, ele disse a um entrevistador de rádio que Gaza poderia ser “melhor do que Mônaco” se fosse reconstruída da maneira correta.
A ideia de uma reconstrução radical de Gaza foi ventilada logo depois que Israel iniciou sua campanha no território palestino após o ataque liderado pelo Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, principalmente por Kushner, que, como enviado especial para o Oriente Médio no primeiro mandato de Trump, ajudou a conduzir os “Acordos de Abraão”, normalizando as relações entre Israel e vários países árabes.
“Um imóvel à beira-mar de Gaza poderia ser muito valioso”, disse Kushner, que certa vez descreveu todo o conflito árabe-israelense como “nada mais do que uma disputa imobiliária entre israelenses e palestinos” em um evento em Harvard em fevereiro de 2024.
“É uma situação um pouco infeliz, mas acho que, do ponto de vista de Israel, eu faria o possível para tirar as pessoas de lá”, disse ele. O próprio Kushner era um promotor imobiliário em Nova York antes do primeiro mandato de Trump.
Um porta-voz de Kushner não respondeu imediatamente a um pedido de comentário para esta reportagem.
Família palestina tentando voltar para casa, em Gaza
REUTERS/Dawoud Abu Alkas
‘Impossível de ser implementada’
Também havia dúvidas sobre como a proposta de Trump deveria ser entendida, dada a sua reputação de negociador, acostumado a perturbar seus parceiros de negociação com ataques de ângulos inesperados.
A Arábia Saudita, a potência predominante no mundo árabe, “não levará essa declaração muito a sério”, disse uma fonte próxima à corte real em Riad. “Ela não foi bem pensada e é impossível de ser implementada, portanto, ele acabará percebendo isso.”
Netanyahu e Trump em encontro na Casa Branca
Elizabeth Frantz/Reuters
Em um comunicado nesta quarta-feira (5), o Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita disse que o reino rejeitou qualquer tentativa de deslocar os palestinos de suas terras. Tanto a Autoridade Palestina quanto o Hamas também condenaram os comentários.
A Reuters não conseguiu determinar se Kushner, cuja empresa de private equity recebeu investimentos de países do Golfo, incluindo US$ 2 bilhões da Arábia Saudita, se envolveu em alguma discussão na região sobre o investimento em Gaza.
Para os palestinos, por mais improvável que possa parecer a ideia de Gaza como um resort à beira-mar, esse tipo de conversa lembra a “Nakba”, ou catástrofe após a guerra de 1948, no início do Estado de Israel, quando 700 mil pessoas fugiram ou foram forçadas a deixar suas casas.

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