Extrema direita finalmente se impõe como força opositora no Parlamento alemão

Extrema direita finalmente se impõe como força opositora no Parlamento alemão


Conservador moderado, Friedrich Merz tentará formar coalizão bipartidária com social-democratas, mas não terá trégua dos radicais do AfD. Alice Weidel, colíder do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), fala com imprensa após resultado histórico do partido nas eleições gerais em 24 de fevereiro de 2025.
REUTERS/Annegret Hilse
Não será fácil, constatou o conservador Friedrich Merz assim que as pesquisas de boca de urna o apontaram como vencedor das eleições na Alemanha. Desafios gigantescos esperam o futuro chanceler democrata-cristão nas missões de recuperar a economia estagnada do país, o seu papel de liderança na Europa e ainda fazer frente a uma nova ordem global, chacoalhada com a reestreia de Donald Trump na Casa Branca.
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
Internamente, Merz terá na sua cola os radicais do Alternativa para a Alemanha, que cravaram o melhor resultado da extrema direita em nove décadas, com o dobro de votos em relação ao pleito de 2019. O AfD atuará como o maior grupo de oposição no Parlamento alemão e foi, mais uma vez, sumariamente descartado no domingo pelo líder eleito como integrante de sua futura coalizão.
“Temos visões divergentes sobre política externa, política de segurança e OTAN. Eles podem nos procurar o quanto quiserem, mas não cairemos em uma política errônea. Não vou questionar o legado de 75 anos da União Democrata Cristã apenas por uma autoproclamada Alternativa para a Alemanha. Vocês querem o oposto do que nós queremos”, alertou.
A melhor notícia chegou para Merz somente no fim da apuração. Com 28,6% dos votos, o bloco liderado por democratas cristãos pode agora se dar ao luxo de tentar formar um governo bipartidário apenas com os social-democratas do SPD —aliança que funcionou anteriormente em três dos quatro governos de Angela Merkel.
Friedrich Merz é favorito para ser o novo chanceler da Alemanha
REUTERS/Teresa Kroeger
Essa comunhão exclui a presença dos Verdes no governo e só será viável porque os liberais democratas (FDP) e a aliança de extrema esquerda BSW não conseguiram votos suficientes para entrar no Bundestag.
A realidade da extrema direita, contudo, se impôs na Alemanha. Calcado em posições anti-migração e pró-Rússia, o AfD não dará trégua ao governo. A candidata Alice Wiedel avisou que o partido não pode ser ignorado e sugeriu que as próximas eleições podem vir antes do que o previsto. Em outras palavras, os radicais de direita estão prontos para tirar proveito de um suposto fracasso do novo governo.
LEIA TAMBÉM:
Vencedor, Friedrich Merz quer compor novo governo até a Páscoa
Social Democratas sofrem derrota na Alemanha, conservadores vencem, e extrema direita tem ascensão recorde
Medo e impotência: imigrantes brasileiros na Alemanha lamentam ascensão da direita radical
Eleições na Alemanha: coalizão conservadora deve voltar ao Poder com Friedrich Merz

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POSTS RECOMENDADOS