Quase 40% dos contratos cancelados por Musk no DOGE não devem gerar economia para o governo dos EUA, apontam dados

Quase 40% dos contratos cancelados por Musk no DOGE não devem gerar economia para o governo dos EUA, apontam dados


Dados publicados no pelo próprio Departamento de Eficiência Governamental mostram que mais de um terço dos cancelamentos – 417 no total – não devem economizar dinheiro. Painel de recibos publicado pelo DOGE mostra que muitos dos contratos cancelados não geraram economia para o governo dos EUA
Reprodução
Quase 40% dos contratos federais que o governo do presidente Donald Trump afirma ter cancelado como parte de seu programa de corte de custos não devem economizar dinheiro, segundo os próprios dados do governo.
O Departamento de Eficiência Governamental, comandado por Elon Musk, publicou na semana passada uma lista inicial de 1.125 contratos que foram rescindidos nas últimas semanas em todo o governo federal e os números mostram que mais de um terço dos cancelamentos de contratos – 417 no total – não devem gerar economias.
De acordo com a agência de notícias Associated Press, isso ocorre porque o valor total dos contratos já foi totalmente liquidado, o que significa que o governo tem a obrigação legal de gastar os fundos nos bens ou serviços que adquiriu e, em muitos casos, já o fez.
“É como confiscar munição usada depois que ela foi disparada, quando não há mais nada nela. Não cumpre nenhum objetivo político. A rescisão de tantos contratos sem sentido obviamente não cumpre nada. É tarde demais para o governo mudar de ideia sobre muitos desses contratos e abandonar sua obrigação de pagamento”, explica Charles Tiefer, professor de direito aposentado da Universidade de Baltimore e especialista em lei de contratos governamentais.
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Ainda segundo a AP, muitos desses contratos eram assinaturas já pagas de serviços de mídia que a administração republicana disse que iria descontinuar. Outros eram para estudos de pesquisa que foram premiados, treinamentos já dados e softwares comprados.
Um funcionário da administração Trump, que falou sob a condição de anonimato, defende que cancelar contratos que são vistos como potencial peso morto, mesmo que as mudanças não produzam nenhuma economia, faz sentido.
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No total, os dados do DOGE dizem que os 417 contratos em questão tinham um valor total de US$ 478 milhões.
No começo do mandato de Trump, o departamento afirmou que espera economizar mais de US$ 7 bilhões, um valor que foi questionado como inflado por especialistas independentes, com os cancelamentos.
Polêmicas de Musk
A grande influência de Musk no governo vem sendo alvo de críticas de opositores de Donald Trump e, há uma semana, um funcionário da Casa Branca afirmou que o bilionário não dirige oficialmente o Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos (DOGE), apenas trabalha como conselheiro do presidente.
Joshua Fisher, diretor do Escritório de Administração da sede presidencial dos Estados Unidos, afirmou em documento à Justiça que Musk “é um funcionário funcionário especial do governo, não um funcionário público de carreira” e um “alto conselheiro do presidente”.
“Como outros assessores de alto escalão da Casa Branca, Musk não tem autoridade real ou formal para tomar decisões governamentais por conta própria. Musk só pode aconselhar o presidente e comunicar suas diretrizes. O Serviço DOGE faz parte do gabinete executivo do presidente. O Sr. Musk é um funcionário do escritório da Casa Branca”, diz o texto.
Elon Musk e o presidente dos EUA, Donald Trump, em 11 de fevereiro de 2025
REUTERS/Kevin Lamarque
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O documento ainda ressalta que o DOGE não faz parte do governo americana, mas sim do gabinete de Trump, e que a missão do departamento, criado por um decreto presidencial de Trump em 20 de janeiro, dia de sua posse, é “modernizar a tecnologia e o software federais para maximizar a eficiência e a produtividade do governo”, segundo o texto.
A declaração de Fisher é parte de uma ação judicial movida em 13 de fevereiro contra Musk, Trump e o DOGE por 14 estados, incluindo o Novo México, que acreditam que Musk está exercendo uma função que vai além de seus deveres oficiais.
O processo argumenta que, como “sua nomeação não foi confirmada pelo Senado”, as ações de Musk “são inconstitucionais”.
Nesta segunda-feira (24), Musk deu mais uma declaração polêmica ao ameaçar colocar de licença administrativa trabalhadores do governo que não retornarem ao trabalho presencial nesta semana.
Dois dias antes, o bilionário anunciou na rede social X que funcionários federais dos Estados Unidos receberão um e-mail solicitando que prestem contas sobre o trabalho que realizam semanalmente e que aqueles que não responderem perderão seus cargos.

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