‘Todos nós temos medo porque a retaliação é real’, desabafa senadora republicana que desafia Trump

‘Todos nós temos medo porque a retaliação é real’, desabafa senadora republicana que desafia Trump


A moderada Lisa Murkowski é uma das raras vozes dissonantes no partido dominado pelo presidente. A senadora republicana Lisa Murkowski, do Alasca, em março de 2025
Annabelle Gordon/Reuters
Medo virou palavra corriqueira, proferida entre os americanos que não votaram em Donald Trump, para expressar o que sentem sobre o futuro do país. Por isso, vale prestar atenção quando ela sai da boca de uma senadora republicana, em um desabafo corajoso que reflete o ambiente político predominante nos EUA.
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
No quarto mandato no Senado, Lisa Murkowski, eleita pelo Alasca, tornou-se uma das raras vozes dissonantes dentro de um partido que se ajoelhou ao presidente Donald Trump. Durante uma reunião, esta semana, com líderes de organizações sem fins lucrativos em Anchorage, seu reduto político, ela expressou claramente o desconforto que prevalece entre os correligionários que se arriscam a desafiar o presidente.
“Todos nós temos medo. Estamos em um momento e em um lugar que eu certamente nunca estive. Eu mesma fico muito ansiosa para usar a minha voz porque a retaliação é real, e isso não está certo”, alertou Murkowski.
A grande maioria tem apoiado cegamente as controversas diretrizes do líder republicano, pela segunda vez à frente do governo americano. Murkowski integra o restrito grupo moderado, formado pela senadora Susan Collins (Maine) e o senador Rand Paul (Kentucky), que costuma dar a cara a tapa ao clima radical e fanático que domina o Partido Republicano, depois que a a maioria de seus integrantes se rendeu ao movimento MAGA (Faça a América grandiosa novamente), liderado por Trump.
Ela foi uma voz decisiva no primeiro mandato do presidente, votando para condená-lo no julgamento do impeachment após a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Recentemente, votou contra a nomeação do secretário de Defesa, Pete Hegseth, e contra os cortes impostos pelo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), coordenado pelo bilionário Elon Musk.
O Alasca, seu estado natal, é um dos cinco dos EUA com maior porcentagem de funcionários federais. Murkowski expressou irritação com a rapidez com que agências como a Usaid foram extintas pelo governo Trump. E se disse preocupada com a politização do Judiciário neste segundo mandato. Em três meses no cargo, Trump assinou mais de 120 decretos e entrou em embates rotineiros com juízes federais.
“É de dar arrepios. Parece que quando você faz um pequeno progresso em uma questão que causa tanta ansiedade, surge outra.”
Com mandato garantido até 2028 — ela derrotou uma candidata apoiada por Trump — Murkowski ainda está em posição desafiar o presidente, ao contrário de colegas, que temem pelo fim de sua carreira política. “É por isso que todos ficam calados, sem dizer uma palavra, porque têm medo de serem derrubados nas próximas primárias.”
VEJA TAMBÉM
Trump se encontra com Georgia Meloni e diz que vai fazer acordo com União Europeia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POSTS RECOMENDADOS

Consentimento de Cookies com Real Cookie Banner