Ações militares da Rússia serão pausadas durante 30 horas, mas as tropas deverão estar prontas para revidar eventuais ataques ucranianos, disse Putin. Presidente russo Vladimir Putin declara ‘trégua de Páscoa’ na guerra contra a Ucrânia
O presidente russo Vladimir Putin anunciou neste sábado (19) um cessar-fogo temporário por parte da Rússia na guerra contra a Ucrânia.
A “trégua de Páscoa” vai durar 30 horas. Será das 18h deste sábado (19) – 12h, no horário de Brasília (DF) – até meia-noite de segunda-feira (21) – 18h de domingo (20), em Brasília.
“Eu ordeno que todas as ações militares sejam pausadas neste período”, disse Putin ao chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia, Valery Gerasimov, alegando agir “por motivos humanitários”.
“Partimos do princípio de que o lado ucraniano seguirá nosso exemplo. No entanto, nossas tropas devem estar prontas para repelir possíveis violações da trégua e provocações do inimigo”, afirmou.
“Sabemos que o regime de Kiev, como vocês me relataram, violou mais de 100 vezes os acordos de não atacar a infraestrutura energética. Por isso, peço que mantenham extrema vigilância e estejam preparados para responder de forma imediata e decisiva.”
Segundo o presidente russo, as ações durante a Páscoa “mostrarão até que ponto o regime de Kiev está sinceramente disposto e preparado para respeitar os acordos, participar de processos pacíficos e contribuir para resolver as causas profundas da crise ucraniana”.
Logo após o anúncio, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que o país detectou drones de ataque russos às 17h15, a 45 minutos do início do cessar-fogo, e que a defesa aérea da Ucrânia estava trabalhando para repelir a ação.
“Drones em nossos céus revelam a verdadeira atitude de Putin em relação à Páscoa e à vida humana”, publicou Zelensky na rede social X.
De acordo com Andrii Sybiha, ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, o país concordou em março com a proposta dos Estados Unidos de um cessar-fogo provisório total por 30 dias, mas a Rússia recusou e agora anunciou uma pausa de 30 horas, em vez de 30 dias.
Assim, disse que a Ucrânia mantém sua posição e que a Rússia pode aceitar a proposta do cessar-fogo de 30 dias a qualquer momento.
“Infelizmente, temos um longo histórico de declarações [da Rússia] não condizentes com suas ações. Sabemos que suas palavras não são confiáveis e analisaremos ações, não palavras”, escreveu.
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que o grupo militar russo vai respeitar o cessar-fogo, sob a condição de que a trégua também seja respeitada pela Ucrânia.
Presidente da Rússia e Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas anunciam trégua de Páscoa
Kremlin News
Troca de prisioneiros
Neste sábado (19), 246 militares russos foram devolvidos ao país, em troca de 246 prisioneiros de guerra das Forças Armadas da Ucrânia, como resultado de um processo de negociação, segundo o Ministério de Defesa russo.
Além disso, foram entregues à Ucrânia mais 31 prisioneiros de guerra feridos, em troca de 15 militares russos feridos que necessitavam de atendimento médico urgente, segundo o órgão.
Sobre isso, Zelensky comemorou: “Nosso povo está em casa — uma das melhores notícias possíveis. Mais 277 combatentes retornaram do cativeiro russo.”
Soldados das Forças Armadas da Ucrânia retornaram de cativeiro russo
Reprodução X / Volodymyr Zelenskyy
Negociações para acordo de paz
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o secretário de Estado, Marco Rubio, disseram na sexta-feira (18) que os EUA abandonariam os esforços para intermediar um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia, a menos que houvesse sinais claros de progresso em breve.
A guerra em grande escala começou quando Putin ordenou que milhares de tropas russas cruzassem a fronteira para a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.
Putin tem afirmado repetidamente que quer o fim da guerra. Ele exigiu que a Ucrânia abandone oficialmente suas ambições de ingressar na Otan e retire suas tropas de todo o território das quatro regiões ucranianas reivindicadas por Moscou.
Kiev, no entanto, rejeitou amplamente esses termos por considerá-los equivalentes à rendição.
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