Agência da ONU para refugiados palestinos deve sair de Jerusalém até 30 de janeiro, diz Israel

Agência da ONU para refugiados palestinos deve sair de Jerusalém até 30 de janeiro, diz Israel


Governo israelense alega que a entidade, conhecida como UNRWA, foi infiltrada pelo Hamas. Já a ONU diz que o fechamento dos escritórios vai impactar a ajuda humanitária tanto na Cisjordânia quanto em Gaza, onde a situação é crítica, com boa parte do território em escombros devido à guerra. Após cessar-fogo, palestinos retornam para suas casas em Gaza
REUTERS
A agência de ajuda humanitária da ONU para os palestinos, conhecida como UNRWA, deve “cessar suas operações em Jerusalém e esvaziar todas as instalações em que opera na cidade” até 30 de janeiro, disse o enviado de Israel à ONU ao secretário-geral da ONU, António Guterres, em uma carta nesta sexta-feira (24).
O Parlamento israelense aprovou em outubro uma lei que proíbe a UNRWA de operar no país e impede a cooperação de autoridades israelenses com a organização, que fornece serviços de ajuda e educação a milhões de palestinos na Cisjordânia ocupada e em Gaza.
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Criada após a guerra de 1948 que levou à criação do estado israelense, a UNRWA é criticada por Israel, que acusa a organização de preconceito contra o país e de perpetuar o conflito ao manter palestinos em status permanente de refugiados.
O governo de Israel alega ainda que a UNRWA foi infiltrada por membros do Hamas e diz que alguns funcionários da organização participaram do ataque do grupo extremista contra o território israelense em 7 de outubro de 2023.
A nova legislação não proíbe as operações da UNRWA na Cisjordânia e em Gaza, mas afeta a capacidade da organização de operar nessas áreas.
A UNRWA emitiu uma nota, após a aprovação do banimento, em outubro, classificando a decisão como “ultrajante”. O porta-voz da entidade, Adnan Abu Hasna, disse que a decisão implicará no colapso do processo humanitário como um todo nos Territórios Palestinos.
Israel e Hamas, que controla a Faixa de Gaza, estão em guerra desde 7 de outubro de 2023, quando um ataque do grupo terrorista deixou cerca de 1.200 mortos. Em resposta, a ofensiva israelense no território palestino deixou mais de 46 mil mortos, segundo o Hamas, incluindo mulheres e crianças.
Além da guerra, a destruição da maior parte das escolas, hospitais e construções em Gaza gera uma crise humanitária sem precedentes no território.
Um cessar-fogo foi assinado entre as duas partes e entrou em vigor no último domingo (19). Desde então, Israel vem intensificando suas operações na Cisjordânia, onde mantém presença militar e assentamentos, apesar de não ter o seu direito ao território reconhecido.
Guerra de 1967
O acordo que regula a presença da UNRWA em Jerusalém data de 1967. Naquele ano, após a Guerra dos Seis Dias, Israel anexou diversos territórios, incluindo a Faixa de Gaza e a Península do Sinai, então controlados pelo Egito (esta última foi devolvida em 1979), a Cisjordânia, então controlada pela Jordânia, e as Colinas de Golã, da Síria.
Israel também passou a controlar Jerusalém Oriental, o setor leste da cidade, de maioria palestina, situação que se mantém desde então. A anexação não é considerada legítima pela ampla maior parte da comunidade internacional.
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