Brasil aproveitará cúpula da Celac para defender candidata latina ao comando da ONU, diz Itamaraty

Brasil aproveitará cúpula da Celac para defender candidata latina ao comando da ONU, diz Itamaraty


Mandato do secretário-geral António Guterres acaba em 2026. Brasil entende que indicação cabe à América Latina e vê Michelle Bachelet e Mia Mottley como ‘excelentes candidatas’. O governo brasileiro vai aproveitar a cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) para defender a candidatura de uma mulher da região para o cargo de secretária-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
A informação foi divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores. Nesta quarta-feira (9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participará da cúpula de chefes de Estado e de governo da Celac, em Tegucigalpa (Honduras), e fará um discurso aos presentes no encontro.
O atual secretário-geral da ONU, o português António Guterres, está na função desde 2017 e terminará seu mandato no ano que vem.
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De acordo com a secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, Gisela Padovan, o governo brasileiro fará duas defesas na cúpula: que a região lance uma candidatura única e que a candidata seja uma mulher.
A ONU nunca teve uma mulher no cargo de secretário-geral. Desde a fundação, em 1945, a organização foi comandada por nove homens. O único latino-americano foi o diplomata peruano Javier Pérez de Cuéllar (1982-1991).
“O Brasil propôs duas declarações especiais [para a cúpula]. E uma é sobre a possibilidade de candidatura unificada para o cargo de secretário-geral das Nações Unidas”, afirmou Gisela Padovan.
“Pela rotatividade regional, a gente entende que [a indicação] cabe à América Latina e ao Caribe. Então, estamos propondo que os países se unam e comecem a trabalhar em torno de uma candidatura única, o que nos dá maiores chances de fazer valer o princípio da rotatividade”, acrescentou a diplomata.
Nomes em aberto
Ex-presidente do Chile Michelle Bachelet é um dos nomes que poderia ser apoiado pelo Brasil para o cargo de secretário-geral da ONU
Fabrice Coffrini/AFP
Segundo Padovan, há “excelentes” mulheres que poderiam ser apoiadas pelo Brasil. Entre os nomes citados pela diplomata, estão os de:
Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile;
Mia Mottley, primeira-ministra de Barbados;
Rebeca Grynspan, ex-vice-presidente da Costa Rica.
“Nós temos, como Brasil, o interesse em ver uma secretária-geral da ONU mulher, até porque nunca houve. […] Há mulheres com cargos relevantes, posições relevantes e capacidade de liderança”, afirmou Padovan em uma entrevista sobre a participação de Lula na cúpula da Celac.
Embora tenha citado alguns nomes, a diplomata disse que a definição do nome a ser apoiado ainda está “em aberto”.
“O Brasil gostaria de ver, além de um candidato regional, uma mulher. Mas está tudo em aberto, é um processo absolutamente preliminar. Por isso a gente decidiu começar a discutir na região porque a gente entende que compete a nós. Então, se a gente apresentar um candidato unidos, isso dá mais peso. Mas está bem em aberto ainda”, completou.
A dificuldade para viabilizar a pretensão brasileira é encontrar um nome de consenso em uma região com governos de posições políticas divergentes.

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