Segundo NTSB, tripulantes da aeronave militar estariam usando equipamentos de visão noturna, que podem limitar visão periférica. Helicóptero militar e avião comercial caíram em rio na capital americana após colidirem no ar, matando todas as 67 pessoas a bordo das duas aeronaves. Caixas pretas foram recuperadas. ue
Os tripulantes do helicóptero militar Black Hawk que colidiu contra um avião de passageiros da American Airlines em Washington, no último dia 29, podem ter recebido informações incorretas de altitude do computador de bordo, ocasionando o acidente.
A suspeita foi divulgada nesta sexta-feira (14) pelo NTSB (National Transportation Safety Board, ou Conselho Nacional de Segurança de Transportes), órgão que investiga acidentes aéreos nos EUA.
A diretora do NTSB, Jennifer Homendy, também disse que, segundo a análise preliminar, os pilotos do helicóptero estariam usando óculos de visão noturna. Tais dispositivos têm lentes semelhantes a binóculos, limitando a visão periférica, o que poderia ter contribuído para a colisão.
De acordo com o NTSB, a indicação do altímetro por pressão barométrica do Black Hawk poderia não estar mostrando dados verdadeiros aos tripulantes no momento. O órgão afirmou que vai realizar uma investigação mais aprofundada para confirmar essa hipótese.
A indicação de altitude barométrica é importante para a navegação aérea para evitar colisões. Ela é mais usada pelos pilotos do que a altitude em relação à superfície durante o voo de cruzeiro, já que a mesma pode variar conforme a elevação do terreno — a pressão barométrica, no entanto, por usar a atmosfera como parâmetro, é similar para todas as aeronaves na mesma altitude em uma mesma região.
Homendy também afirmou a jornalistas que a torre de controle havia solicitado ao BlackHawk que passasse atrás da aeronave de passageiros ao cruzar a rampa de aproximação (trajetória de descida de um avião antes do pouso), mas essa mensagem não foi ouvida pelos tripulantes do helicóptero, já que eles estavam com o microfone do rádio ligado.
Voando ‘alto demais’
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, havia dito dois dias após o acidente que o helicóptero militar que colidiu com um avião da American Airlines estava voando “alto demais” no momento da batida.
Segundo Trump, a aeronave militar estava “muito além” do limite da altitude que deveria estar naquele momento.
“O helicóptero Blackhawk estava voando muito alto, muito alto. Estava muito acima do limite de 200 pés. Isso não é muito complicado de entender, é???”, escreveu em sua rede social Truth Social.
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
Os militares disseram que a altitude máxima para a rota que o helicóptero estava tomando é de 200 pés (61 metros), mas ele pode ter voado mais alto. A colisão ocorreu a uma altitude de cerca de 300 pés (cerca de 90 metros), de acordo com o site de rastreamento de voos FlightRadar24.
As comunicações de rádio mostraram que os controladores de tráfego aéreo alertaram o helicóptero sobre o jato se aproximando e ordenaram que ele mudasse de curso.
Uma avaliação inicial da FAA apontou também para a torre de controle. Segundo um primeiro relatório da agência ao que a imprensa norte-americana e agências de notícias disseram ter tido acesso, a torre tinha menos controladores de voos operando no momento da colisão do que deveria haver para aquele período.
Uma fonte local ouvida pela Reuters disse que apenas um controlador, em vez de dois, estava lidando com o tráfego local de aviões e helicópteros na quarta-feira à noite no aeroporto Ronald Reagan, de onde o avião da American Airlines se aproximava para pousar no momento da batida.
Equipes recuperam destroços de aeronave no rio Potomac, em Washington, após a colisão do voo 5342 da American Airlines com um helicóptero militar
Carlos Barria/Reuters
LEIA TAMBÉM
Falta de controladores de voo perdura há décadas nos EUA, e espaço aéreo de Washington é um dos mais críticos do país
Tragédia em Washington: torre de controle trabalhava sob condições anormais, aponta relatório
Acidente entre avião e helicóptero é o mais letal dos Estados Unidos desde 2001; veja lista
O acidente
Avião comercial e helicóptero militar colidem nos EUA
O avião comercial envolvido na colisão é Bombardier CRJ700, utilizado para voos regionais. De acordo com as autoridades, era um voo da American Airlines que partiu de Wichita, no Kansas, com destino a Washington. Ao todo, 60 passageiros e quatro tripulantes estavam a bordo.
A batida aconteceu quando o avião estava a poucos metros da pista do aeroporto Ronald Reagan, momentos antes de pousar.
A queda aconteceu nas proximidades do rio Potomac, que fica perto do aeroporto. Equipes de emergência foram enviadas para fazer buscas com helicópteros e botes.
Já o helicóptero é um de modelo Sikorsky UH-60 Black Hawk, usado pelas Forças Armadas dos Estados Unidos. Segundo o Exército americano, três militares estavam na aeronave para um voo de treinamento.
O aeroporto Ronald Reagan fica a apenas 6 km do centro de Washington, D.C., onde está a Casa Branca.
Mapa mostra local de colisão entre avião e helicóptero perto de Washington, capital dos Estados Unidos, em 29 de janeiro de 2025.
arte/ g1