Mauro Vieira (Relações Internacionais) deu declaração ao abrir encontro do Brics, em Brasília. Rússia, que integra o grupo, está em guerra com a Ucrânia há três anos. Mauro Vieira, ministro de Relações Exteriores.
Isabela Castilho/Brics Brasil
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta terça-feira (25) ser “alarmante” o aumento no número de conflitos armados pelo mundo.
Contudo, Vieira ponderou que as limitações da Organização das Nações Unidas (ONU) para pôr fim a esse cenário se tornam cada vez mais “evidentes”.
Mauro Vieira desmente criação de moeda do Brics
Mauro Vieira deu as declarações ao abrir, em Brasília, um encontro com os negociadores dos países que integram o Brics, grupo presidido pelo Brasil em 2025 e que também é formado por países como Índia, China, África do Sul, Egito e Irã.
No discurso, o ministro não citou um conflito específico, mas a Rússia, que também integra o Brics e comandou o bloco em 2024, está em guerra com a Ucrânia desde 2022, quando suas tropas invadiram e ocuparam território ucraniano por determinação de Vladimir Putin.
“A ordem internacional estabelecida após a Segunda Guerra Mundial baseou-se em duas grandes promessas: um sistema coletivo de segurança centrado na Organização das Nações Unidas e uma visão de prosperidade por meio de um sistema multilateral de comércio baseado em regras. Hoje, as limitações dessas promessas tornam-se cada vez mais evidentes”, afirmou Mauro Vieira.
“Em termos de segurança, assistimos a um aumento alarmante das crises humanitárias, conflitos armados, deslocamentos forçados, insegurança alimentar e instabilidade política. As necessidades humanitárias crescem, mas as respostas internacionais permanecem fragmentadas e, por vezes, insuficientes”, acrescentou o ministro.
A declaração do ministro está em linha com o que tem dito o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seus discursos nos fóruns internacionais.
Lula tem criticado, por exemplo, o fato de países que integram de forma permanente o Conselho de Segurança da ONU serem os países diretamente envolvidos em conflitos pelo mundo, a exemplo da Rússia e dos Estados Unidos.
Diante disso, Lula tem defendido que o conselho seja ampliado, passando a abrigar mais países, entre os quais Brasil, Alemanha, Japão e África do Sul.
Críticas ao protecionismo
Durante o discurso desta terça-feira (25), Mauro Vieira também criticou medidas protecionistas na área econômica e afirmou que os países do Brics precisam “resistir”.
O chanceler não citou nenhum caso específico, mas o recém-empossado presidente dos Estados Unidos Donald Trump tem anunciado sobretaxas a produtos de diversos países sob o argumento de que precisa proteger os setores produtivos locais.
“Políticas protecionistas, fragmentação comercial, barreiras não econômicas e a reconfiguração das cadeias de suprimentos ameaçam aprofundar as desigualdades globais. O Brics deve resistir a essa fragmentação e advogar por um sistema de comércio multilateral aberto, justo e equilibrado”, afirmou o ministro.
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