Presidente ucraniano falou pela 1ª vez na possibilidade de deixar o cargo, após Trump pedir novas eleições na Ucrânia. Zelensky também sugeriu deixar que EUA explorem recursos minerais em troca do envio tropas norte-americanas. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelesnky, durante entrevista coletiva à imprensa em Kiev, em 23 de fevereiro de 2025.
Evgeniy Maloletka/ AP
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse neste domingo (23) estar disposto deixar o governo de seu país em troca de um fim da guerra na Ucrânia.
Zelensky também condicionou uma eventual saída do cargo à entrada da Ucrânia na Otan, a aliança militar ocidental rival da Rússia. Disse ainda que está disposto a uma saída imediata do cargo e que “não planejo estar no poder por décadas”.
“Se for pela paz na Ucrânia e se realmente quiserem, que eu deixe meu cargo, estou pronto para isso. Em segundo lugar, posso trocar isso (a presidência) pela (entrada da Ucrânia na) Otan se houver essa oportunidade”, disse Zelensky em entrevista coletiva à imprensa em Kiev. “Farei isso imediatamente. Não planejo estar no poder por décadas”.
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Esta foi a primeira vez que o presidente ucraniano, eleito em 2019, falou em deixar o cargo desde o início da guerra, que completará três anos na segunda-feira (leia mais abaixo).
A fala também acontece dias depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu novas eleições na Ucrânia e afirmou, sem apresentar números, que Zelensky enfrente crise de popularidade.
Zelensky não disse, na entrevista, se já comunicou essa possibilidade com Trump ou o governo russo, e também não explicou como funcionaria a troca — Moscou exige, para colocar fim à guerra, que Kiev abra mão dos territórios ocupados por tropas russas, o que o presidente ucraniano nega.
Na entrevista deste domingo, líder ucraniano disse ainda considerar a proposta de Trump por um acordo que permita os EUA explorarem mineirais em regiões ucranianas, mas sugeriu querer em troca tropas norte-americanas para lutar na guerra ao lado dos soldados ucranianos.
Apesar de enviar verba, aeronaves militares e equipamentos de guerra constantemente à Ucrânia, EUA e países europeus têm evitado o debate sobre o envio de tropas ao país de Zelensky. O presidente russo, Vladimir Putin, já disse que consideraria a presença de soldados dos EUA e da Europa na Ucrânia como uma declaração direta de guerra.
Após trocar farpas com Trump através das redes sociais, Zelensky também disse neste domingo que queria ver Trump como um parceiro da Ucrânia e mais do que um simples mediador entre Kiev e Moscou.
“Eu realmente quero que seja mais do que apenas mediação… isso não é o suficiente”, disse ele em coletiva de imprensa em Kiev.
O governo de Trump iniciou na semana passada conversas com membros do governo russo para o fim da guerra. A aproximação entre Washington e Moscou surpreendeu e irritou a Ucrânia e a Europa, que prostetaram por terem sido deixados de fora das negociações.
Por conta disso, líderes europeus se reuniram para estudar uma resposta.
Três anos de guerra
Zelensky admite ceder cargo se Ucrânia entrar na Otan
A guerra da Ucrânia, que começou quando tropas russas invadiram a parte leste do país, completará três anos na segunda-feira (24) ainda sem perspectiva de um fim.
O conflito, que começou em reação da Rússia à intenção de Zelensky de ingressar na Otan, já atravessou diversas fases, desde ameaça de tomada de Kiev, passando por um período de paralisia e o contra-ataque da Ucrânia com a invasão de regiões da Rússia perto da fronteira.
Nenhuma delas, no entanto, teve efeitos práticos significativos. Atualmente, as tropas russas ocupam cerca de 20% do território ucraniano. Não conseguem avançar, mas também não são expulsas por contra-ofensivas das tropas ucranianas.
No fim do ano passado, a chegada à Ucrânia de caças europeus e norte-americanos deu um impulso em ações de Kiev, e Zelesnky chegou a apresentar a seu Parlamento um projeto que chamou de “plano da vitória”, em que detalhava de que forma seu país conseguiria vencer a guerra e expulsar as tropas russas.
Ataque recorde com drones
Ataque atingiu a região de Dnipropetrovsk
Ministério da Defesa da Ucrânia
Também neste fim de semana, a Rússia lançou o seu maior ataque único com drones contra a Ucrânia desde o início da guerra.
O ataque ocorreu na noite de sábado (22) e, nele, forças russas lançaram mais de 260 drones de guerra contra todo o território ucraniano.
Sem Ucrânia, autoridades dos EUA e Rússia se reúnem para discutir guerra
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